domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ruinas

Vejo, aquilo cada vez mais próximo, paro, observo e então entendo. Ruinas vazias como se há muito, nada, nem ninguém morasse lá, mas o pó do local estava brando como se há pouco, alguém tivesse passado por lá.As pegadas são fracas como se não tocasse completamente o chão. Algo irreal? Uma imagem? Uma ilusão? Um demônio? Um anjo? Nunca saberia o que o esse ser foi para esse lugar, mas parece-me que ele dedicou muito tempo a essas construções.

Consigo ver plantas novas que parecem terem sido cultivadas ali recentemente, provavelmente pelo ser, dono dessas pegadas. Não sei que tipo de vegetais são, por isso não as toco; Apenas coloco um pouco de água em cada uma delas. Ao olhar para o alto quase no topo da ruina vi a parte menos destruída dela, não,esse local não estava perfeito, pareciam ter sofrido junto com todo o resto a força do tempo, mas é como se esse fosse o único local que ainda tinha alguma esperança, que procurava acreditar em alguma coisa. Este lugar foi escolhido para guardar a mais bela e estranha de todas as plantas.

Passei muito tempo observando aquele atípico vegetal, era praticamente impossível chegar perto dele. O local era distante, cheio de outras plantas no caminho, e essas com galhos e espinhos, tinham belas flores é verdade, mas aqueles espinhos quase que diziam: Não chegue perto, você não pode. Tentei, estava encantado por aquelas folhas, espinhos, flores do alto, ela era linda, muito linda. Tinha muitas flores, achava incrível como uma única planta conseguia ter flores de tão diferentes formas e cores. Era um charme único. De onde eu estava só conseguia ver algumas coisas, era como se ela me mostrasse apenas aquilo que queria. Então um vento forte, a bela planta moveu-se e pude ver mais. Ela escondia alguns espinhos, umas outras flores, algumas dessas novas flores não eram belas, definitivamente, mas isso não tirava o meu encanto por ela.

Naquela ruina, eu parei, olhei, fiquei e resolvi cuidar. Queria trazer a beleza novamente para aquele lugar inabitável que poderia ficar tão belo. Descidi ficar e cuidar do local até que ele não precisassem mais de mim e, o mais importante, queria passar por aquelas plantas com espinhos para chegar àquela mais bela, queria sim, conseguir chegar mais perto dela, perto o bastante para conhecer todas as suas flores, saber onde estão todos os seus espinhos e poder um dia dizer que aquela era “a minha planta”, assim como no livro, o pequeno príncipe dizia: “a minha rosa”.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Cronos

Ah... Aquela emoção em ver a luz do sol outra vez, sair daquele local apertado, lotado para dizer a verdade. É quase como ser uma nova pessoa, é quando se participa de um teatro novo, uma brincadeira nova. Amigos ao lado, divertimento feito. Foi assim por muito tempo, o carinho que se tinha, passou; as crianças cresceram e viraram como todos os adultos sem imaginação, limitados, estagnados no mundinho deles. Revolta, nada mais sinto. Não sou mais aquele super homem que vencia todas as batalhas e que passava por todos os perigos. Agora sou apenas lembrança do que já fui, um enfeite, um simples boneco. Sentimentos de raiva, de ira, mas sem poder fazer nada, então apenas fico ali parado, olhando o que se tornou e me arrependo de ter feito parte disso, você se tornou mais parecido com o que eu era do que o que eu poderia imaginar. Você agora é um homem, forte, bonito, inteligente, que “sabe se virar”. Que orgulho não? Eu era assim pra você, mas depois também era jogado e guardado junto com outros, tantos outros e com o passar do tempo esquecido.

Yin Yang


O complemento, o bem e o mal, a eterna dualidade do que é certo e o errado.
Carnaval ouvi muito as frases: "não existe verdade absoluta" e "tudo é relativo" ( concordo com elas). Como provar pra alguém que o que ele faz é errado? Errado por simplesmente dizer que é errado não existe é limitado, simples, fraco e para quem pensa chaga a ser patético querer que acredite pq alguém disse.
Apesar de toda a filosofia tem várias coisas que acredito ser verdades, certas e não entendo como um ex-marido deixa a mulher 12h em cárcere, ou com um ex-namorado mata a mulher e depois se mata, ou ainda como o homem bate na mulher que diz amar.
Como pode um dia dizer: "te adoro", ou "eu te amo", ou "quero sempre cuidar de você" e no outro dia querer fazer mal? Quanto mais penso nisso mais chego a duas conclusões simples:
1) ou o ser humano não vale "um chiclete mascado"( salve Raul).
2) ou eu tenho conceitos errados e eu não tô valendo "um chiclete mascado"( salve Raul outra vez).

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Big Fish


Primeiro que não viu o filme não continuem lendo. Sim! Vou acabar dando spoilers do filme.
Esse filme é realmente encantador fala de "histórias de pescador", o personagem principal conta sua vida aumentando toda a história.
Mentir, até onde isso é bom? Onde isso é bom? O personagem principal do filme aumentava suas histórias para ter uma grande vida, mas isso é realmente necessário? Ele está errado em fazer isso?
Ele poderia ter feito realmente da sua vida uma aventura, ai vem outra pergunta. Pq não o fez? Será que ter pego apenas peixes pequenos a sua vida todo fez ele se acomodar? Fez ele sempre andar por caminhos já conhecidos e nunca se arriscar em procurar mares mais profundos.
No filme tem uma cena interessante onde o médico conta ao filho a verdadeira
história de como o filho nasceu. Uma história simples, básica, sem nenhuma emoção. Ao término da história o médico diz: "Sorte sua que seu pai contou a outra história para você.". Será que a realidade sempre tem que ser melhorada? Não tem como fazer desse maldito mundo um conto de fadas?Puxando a idéia de outro filme "Don Juan DeMarco", (alguém já viu? Se não deve ver, é um belo filme de romance que tem belos traços filosóficos) ele diz em uma cena que ele sabe que está em um hospital psiquiátrico mas que você pode ver a vida como ele e na verdade estar em uma aldeia de nobres. Loucura? Loucura não passa daquilo que está fora dos padrões das curvas normais ( sim, parte do termo vem da nossa matemática, poderia dizer na minha ignorância que vem da estatística.) então quem define essas curvas? Você e eu que nos achamos incrívelmente "inteligentes, seres pensantes, capazes de discernir entre o certo e erro" somos obrigados a pensar como os outros para estar dentro de uma área que se considera a correta. Pois é, como somos espertos não!?
Por fim, se você souber ver as sutilezas desse filme,big fish, (não estou falando da parte técnica, isso deixo para pessoas mais capacitadas do que eu. ) você conseguirá ver algumas lições que se deve aprender a cada nova história contada pelo protagonista. Exemplo mais básico é quando ele sai de espectral que a garotinha diz: "mas como você vai embora sem os seus sapatos?" e a resposta é simples: "Deixar a cidade vai ser difícil, vai doer, mas tenho que fazer." Pelo menos para mim, fica claro nesse momento a ambiguidade do texto. Ele não se refere somente ao seus pés mas referendo aos seus sentimentos com relação ao local que ele tanto gostou.
N.A. Vale a pena ver o filme e não só ver sentir e entender o roteiro. Por fim pensar no que a história nos deixa.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Em algum semáforo por ai.



Palavras que ouvi:
Mãe: "Cláudinho, quer pegar nele?"
eu: "a claro, ele é lindo, posso mesmo?!"
Mãe: "ah sim, sim pega mas senta ali na cadeira" (morrendo de medo)
eu: "ok" ( e peguei aquele pequeno ser, não tão pequeno assim, pois é um bebê enorme... )
Mãe ainda meio apreensiva me olha e depois de alguns segundos diz:
"ah bom. Sabe pegar no bebê melhor que o pai!"

Pois é, tenho até uma certa pratica com crianças. Esse dialogo me fez pensar em ser pai.
No minuto seguinte essa idéia se foi. Não seria um bom pai. Minha filha (
sim se ocorrer um dia tenho preferência por uma menina) será uma pobre criança frustrada. Como eu sei? Eu me conheço um pouco e todas as minhas tentativas de fazer dela minha filha e amiga seriam frustradas, seria do tipo de pai que chegaria exatamente na hora que a filha está começando a flertar com o carinha mais popular da rua e diria: "ah... sabia que até pouco tempo ela não gostava de trocar a fralda?".
Basta eu pensar nisso pra já achar que serei um pai horrível. Me pergunto o que passa na cabeça de certos casais aqui no brasil/ceará
(mas não só aqui, falo em específico desse pq conheço bastante.) que "fazem menino" como se quisesse montar um time de futebol, e decepcionados pq não completaram o time (pena só tiveram 10) soltam as pobres crianças nas ruas, para ficar fazendo malabarismo em frente a um sinal vermelho, ou costurando, entre carros em frente aos mesmo olhos cor de sangue que deixam esses automóveis com medo de seguir adiante, e pedindo trocados para poder ter o que comer, e se voltam com brinquedos ganham marcas para aprender a sustentar o vicio dos pais.
Não aceito fatos tão "banais" que acontecem diariamente.
O que fazer?! Como mudar isso?! Não sei, mas esse tipo de pai eu não quero ser.